Se há alguns anos a moda em São Paulo era servir comidinhas em espaços cheios de plantas, agora brotam lugares escondidos dentro de floriculturas que criam um ambiente colorido e florido para quem busca drinques na noite paulistana —no caso, o Flora Bar, que fica nos Jardins, e a espera do Infini, local que foi apelidado de Bar das Flores, no largo do Arouche.
Separadas por cerca de quatro quilômetros, as duas casas dividem ainda outras semelhanças: apostam na alta coquetelaria, abriram as portas em outubro e têm um temperinho francês. Mas é tudo coincidência.
Montado por Guilherme Chueire, o Flora ocupa o antigo ponto de uma das casas tocadas pelo empresário, o Bottega Bernacca Due, na rua Padre João Manuel. Quando o restaurante italiano ganhou um espaço no shopping Iguatemi, Chueire viu a oportunidade de montar ali um speakeasy, nome dado aos bares clandestinos da época da Lei Seca americana.
A ideia da floricultura foi circunstancial. “O speakeasy tem que ter essa coisa contrastante com o que existe dentro, e não queria perder a luz natural para quando a casa abrir de dia”, explica Chueire. Assim, ele convidou uma amiga paisagista para montar sua loja ali, a Verde Uva.
O que os vasos e arranjos escondem é um corredor apertadinho de clima meio cavernoso, que é criado pela luz baixa, poltronas de couro, espelhos, letterings com jeitão de vintage e trilha sonora animada. No meio fica o coração de todo bar, o seu balcão.
“Queria encontrar alguém bem renomado para o bar, uma pessoa que pudesse dar credibilidade para a casa”, explica Chueire. Assim, ele encontrou Adriana Pino, profissional premiada que se tornou chefe de bar.
Instalado dentro do Mercado das Flores, tradicional espaço para compra de plantas e aberto desde 1927 no largo do Arouche, a casa é o local de espera para quem deseja entrar no Infini, o ultramoderno bar de drinques recém-inaugurado e escondido dentro do La Casserole, clássico restaurante francês que funciona há 68 anos do outro lado da rua. Não parece, mas os três pertencem, sim, à mesma família.
“O Mercado das Flores foi um dos motivos que levou os meus avós a escolher o lugar para abrir o La Casserole”, conta Henry. “Essa sinergia com lojas de flores é uma coisa bem francesa.” Segundo ele, o proprietário da floricultura brinca que os dois negócios namoraram todos esses anos, até que agora resolveram se casar.
Apesar de não ter qualquer sinalização —pudera, a casa nem sequer tem nome oficial—, o local ganhou o apelido de Bar das Flores e fica aberto para quem quiser sentar para bebericar. “As pessoas olham, veem as mesinhas, mas nem sempre entendem que existe um bar ali. Daí, quando entram e veem um bartender uniformizado fazendo drinques, ficam muito felizes.”
Fonte: Guia Folha | Matéria: MARINA CONSIGLIO